Uma sociedade filantrópica chamada Maçonaria
Frei Caneca, em 1823, escreveu várias Cartas com o pseudônimo de Pítia e as endereçou todas a Damão. Em sua X Carta, o Frei do Amor Divino expõe sobre a maçonaria, no mundo e, em especial, seu progresso em Pernambuco. Conceitua como uma sociedade destinada à prática do bem e que só faz isto. Acrescenta, contudo, que há quem pense diferente, como “os que nela não puderam ingressar ou que de seus quadros foram desligados”, mas que isto não inibe a boa ação de seus adeptos, que são formados para a prática do amor ao próximo e para o exercício da caridade e da filantropia.
O frei do Amor Divino era maçom conforme registros do Padre Dias Martins em seu livro Mártires Pernambucanos (1853), o que se confirma tempos depois em livros do escritor Mário Melo (1909), nos quais se reporta que a iniciação de Frei Caneca, na Ordem, se deu através da Loja Maçônica Academia de Suassuna, fundada logo após a Conspirata de Suassuna (1801), sob a administração do coronel Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque.
A maçonaria continua no cumprimento da missão para a qual foi criada: sempre construindo pontes, de modo que, por esse intermédio, seja possível a felicidade chegar aos carentes de tão importante benefício.
Agora mesmo, tem-se mais uma prova disso. Quando a humanidade está aflita, submetida a um mal, para cujo combate as armas ainda não estão bem definidas, resultando seja na morte de muitos, seja na desorganização produtiva de todos, com extensão no desemprego de milhões e milhões de famílias.
Tão logo se teve notícia da presença da Covid-19 em nosso território, as autoridades maçônicas imediatamente se alinharam ao setor de saúde nacional, não somente suspendendo as atividades templárias presenciais com vistas a impedir a expansão do mal, como também convocaram os Irmãos para imediatamente criarem ações práticas de amparo aos mais frágeis e carentes, diante da pandemia e das restrições que ela impõe, fazendo chegar aos mesmos artigos de primeira necessidade e produtos alimentícios.
As recomendações foram e estão sendo honradas com maçons e familiares produzindo e, prevenidos ao risco presencial, distribuindo máscaras (centenas de milhares), levando aos necessitados cestas de alimentação e kits de higiene (incontáveis), em todo o País, nas ruas, nos hospitais, nas casas ... Com os recursos modernos da tecnologia e os instrumentos ensejados pela internet, o ensino, a orientação e a comunicação têm sido possíveis entre os irmãos. Vamos suprindo, pois, como sugere a sabedoria popular, “o pouco, com Deus, é muito”.
Tenho observado, sem surpresa, portanto, que, na Ordem Maçônica, solidariedade não é palavra pra enfeitar discurso, continuando ela a ser, como sempre foi, uma sociedade voltada para a prática do amor ao próximo e da filantropia, como assegurava Frei Caneca do Amor Divino em sua X Carta de Pítia a Damão.
Por Ir.·. Antônio do Carmo Ferreira.
Presidente da ABIM – Associação Brasileira da Imprensa Maçônica. Recife/PE.