Recentemente, foram propagados dois livros que possibilitaram uma análise mais assertiva sobre os problemas que afligem as Lojas Maçônicas, o primeiro, um livro de autoria do Irmão Cassiano Teixeira de Moraes, cujo título é: “Evasão Maçônica – Causas & Consequências”, editora DMC, 111 páginas, ano 2017; e o outro, que circulou mais restrito junto as Lojas da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, foi um estudo de autoria do Irmão José Eduardo da Silva, que leva o título de: “Evasão Maçônica - Análise da situação da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais”. Através destes dois trabalhos, poderemos analisar quais são os fatores que estão levando a tão alto índice de evasão das Lojas, suas causa, consequências e o que poderemos fazer para minimizar ou reverter essa situação. Esses estudos não apenas contribuíram para o aprimoramento da pesquisa na área da Administração Maçônica, como também evidenciaram uma situação que até então era tratado de forma negligenciada, mas que sempre causou transtornos para as Lojas. Todavia, cumpre-nos destacar outro assunto que, a exemplo do citado acima, também tem causado grandes problemas na condução administrativa das Lojas, já que esse fato está diretamente relacionado à administração das Lojas. O assunto é tão importante que pode determinar a funcionalidade de uma Loja, e apesar de não haver uma estatística oficial sobre o assunto, podemos assegurar que mais de cinquenta por centos das Lojas, já passaram ou estão passando por problemas parecidos. Estamos nos referindo sobre a atuação do Venerável Mestre na administração da Loja, fator preponderante para o desenvolvimento, funcionalidade, condução e estabilidade de uma Loja, pois ser Venerável Mestre vai muito além das funções Maçônicas como supostamente imaginamos. Para suportar o peso do Malhete é necessário, antes de tudo, ter noções das funções administrativas e burocráticas, além é claro de ter que despojar-se da dependência e das limitações da mente, algumas vezes embalsamadas por vaidades e orgulho. Isso porque, o trono da sabedoria requer de seu ocupante muita preparação, muito discernimento e muita sapiência, pois sua postura administrativa frente à condução da Loja é questão precípua e pode inferir na situação da Loja, sendo que em casos estremos poderá contribuir para o abatimento das colunas de uma oficina (Real 2012, grifo nosso)[1]. Tudo isso, apesar de ter relevante importância, passa despercebido pelos obreiros das Lojas, que em toda eleição, salvo exceções, repetem o mesmo erro, ao conduzirem ao cargo de Venerável Mestre Irmãos sem a devida qualificação, que ao assumirem o Malhete conduzem a Loja para uma ruina administrativa, desmotivando obreiros e não cumprindo suas obrigações junto à obediência, o que como já mencionado anteriormente, nos casos mais drásticos, podem levar ao abatimento das colunas da Loja. Em todo o caso, seria salutar mencionar que em sua grande maioria, os Veneráveis Mestres que realizam essa verdadeira ação temerária frente à Loja, não o fazem propositalmente, mas são induzidos a esses erros devido ao seu despreparo para tão sublime cargo, que deve ser encarado não como uma honraria, mas sim como uma importantíssima contribuição para o desenvolvimento da Loja, quiçá à Maçonaria Universal. Não obstante, o Irmão leitor desta dissertação pode estar se inquirindo, “qual seria então as qualificações exigidas para um Venerável Mestre?” E a refutação para essa indagação seria simples, pois as atribuições de um Venerável Mestre seriam semelhantes às prerrogativas de um administrador, um gestor ou um líder, pois podemos considerar a Loja como sendo uma empresa sem fins lucrativos, logo o Venerável Mestre seria por direito o presidente, o administrador, o gestor ou o líder desta empresa, cabendo a ele atitudes como, comprometimento com o ideal da Loja; planejamento das ações a serem tomadas, sendo que o ideal é que esse planejamento seja realizado em conjunto com todos os membros da Loja; senso de organização, motivação, sendo ele um agente motivador para os demais obreiros; companheirismo; saber delegar tarefas, onde cada obreiro irá executa a atividade atribuída ao seu cargo segundo os rituais e demais normas que regem a Loja. Além é claro das atribuições maçônicas e ritualísticas. Pois, como sabemos, a função de Venerável Mestre é função importantíssima dentro de uma Loja, capaz de inferir em seus desígnios, por isso, ser Venerável Mestre é ser o líder da Loja, aquele capaz de conduzi-la em suas crises, problemas e complicações. No entanto, não precisa ser perfeito, mas que pelo menos não seja medíocre. Por isso, ao realizarmos os procedimentos eleitorais que irá definir o Venerável Mestre, precisamos proceder com base nos critérios enumerados acima e não como eventualmente algumas Lojas procedem ao agraciar determinados Irmãos com o “título” de Venerável Mestre, como se esse fosse uma posição meritória atribuída ao Maçom que galgou determinado grau ou até mesmo alcançou certa posição social, ledo engano, capaz de causar sérios transtornos a Loja, quando não sua ruína administrativo-maçônica.   Por Ir.·.  Celso Ricardo de Almeida Formado em Administração de Empresas, com especializações em Filosofia da Religião; Maçonologia – História e Filosofia; Psicanálise Clínica e MBA em Gestão Empresarial. É Dr. h. c. em Administração pela Logos University e Dr. h. c. em Educação pela FABIG. É Mestre Instalado pela GLMMG. Ex-Venerável Mestre pela Augusta e Respeitável Loja Simbólica “Casa do Caminho” do Oriente de Fervedouro-MG. Atualmente está no Grau 18 do Rito Escocês Antigo e Aceiro e no Grau 12 do Rito Adonhiramita. É Past Master do Real Arco. Ocupa o cargo de Delegado Regional do Grão-Mestre da GLMMG e Oficial Executivo da 21º OFEX do Grande Conselho da Ordem DeMolay para o Estado de Minas Gerais. [1] REAL, Foco Arte. O Poder e a Venerança. 2012. Disponível em:  <https://focoartereal.blogspot.com/2012/07/o-poder-e-veneranca.html>. Acesso em: 15 jan. 2019.