Reunimos semanalmente sob a Corda de 81 nós e sobre o Pavimento Mosaico com propósitos de combate a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros, e glorificar o direito, a justiça e a verdade; para promover o bem estar da Pátria e da humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício. Este combate, dá-se em primeira carga dentro de nós, quando somos seduzidos a arbitrariamente impor vontades e convicções, desnudando nossa ignorância e agravando as consequências de nossos erros.
A maçonaria é uma assembleia de homens livres e de bons costumes que se reúnem fraternalmente para lapidar suas imperfeições, praticar virtudes como tolerância, estudos e cooperação e para glorificar o direito e a justiça. Somos indivíduos que buscamos a prática da correição de costumes e o aprimoramento da vivência através da reflexão e da interação com os ditames determinados por Deus, o Grande Arquiteto Do Universo. Em linhas gerais essa é a razão de nos agregarmos em assembleias soberanas onde as ideias, o respeito à crença de cada um, o sonho de protegermos e honrarmos nossas famílias e a união em torno de ideais sublimes traduzem o que pensamos e o que queremos.
A maçonaria conclama todos os irmãos a desempenhar o glorioso papel de construtores sociais. Somos recebidos Pedras Brutas, para que, no nosso ser moral, desbastemos as arestas e asperezas e nos tornemos elementos úteis à construção deste edifício social que a ela compete erigir. Estas arestas, asperezas, são os vícios que atrapalham esta convivência relacional, e impedem a construção desta sociedade moral. Algumas destas asperezas são de difícil desbaste, mas as virtudes da fortaleza e da paciência por certo removê-las-ão. Por isso nos reunimos em Loja, para levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao Vício.
A maçonaria pede-nos para praticar a virtude, e pautar as nossas ações pelas virtudes. Conhecendo a nossa condição humana, adverte-nos para não abusarmos das nossas próprias fraquezas e muito menos do enlevo das nossas vaidades, pois o mal e a tentação estão por todos os lados. Mas por todos os lados, também está o bem e estão os bem-aventurados homens de boa-vontade. Portanto, direcionemos todas as nossas ações para o bem.
Assim, durante o interstício do grau de aprendiz os irmãos devem se dedicar a esses objetivos, ou seja, trilhar um caminho de observação e trabalho com o fito de obter o domínio de si próprio, com o único desejo de progredir na grande obra que empreendestes ao entrardes em nossa Ordem. Todo o processo de aprendizagem é um processo de tentativa-erro-correção. O aperfeiçoamento pessoal é um processo também com estas características.
Errar é normal. Será, porventura, até necessário. Os maçons experientes sabem-no. Mas quem está a soletrar as primeiras letras do novo alfabeto de valores só com o tempo o verificará. Não necessita de errar publicamente e, porventura, sentir-se diminuído com isso. Tempos virão em que será muito útil, para si e para os demais, que expresse a sua opinião, que colabore, que intervenha. Enquanto está na fase de aprendizagem, o que se espera dele é que aprenda, que se situe, que se concentre em si próprio, não na imagem que gostaria de transmitir para os para os demais.
Assim, quando atingido esse objetivo comum, o aprendiz pode descansar o maço e o cinzel para empunhar outros utensílios e ter a consciência de que o início de seu trabalho de edificação do seu “eu interior” foi realizado. Tendo atingido esse ponto e feito o melhor que lhe foi possível, está em está em posição de ansiar que as forças que agem de forma misteriosa possam considerá-lo merecedor de avanças para o segundo grau no caminho do engrandecimento espiritual.
Levantar Templos à Virtude significa desenvolver essas qualidades de forma rígida a ponto de se agir sempre mediante seus princípios. Desenvolvimento esse que se consegue mediante o estudo, o conhecimento e a sabedoria. Para isso a prática do dia-a-dia, sempre se corrigindo as faltas, sempre se refletindo sobre tudo que foi feito, o que se poderia fazer ou deixar de fazer, o que precisa ser refeito, é assim que se consegue transformar-se as virtudes em hábito. A confiança em Deus e em nossos Irmãos que sempre estão prontos a nos ajudar, a sintonia com as correntes de pensamentos positivos, o desejo de sempre se praticar o bem nos ajuda a desenvolver essas habilidades.
Para Aristóteles, a virtude é a equidistância entre dois vícios: um por excesso, outro por falta. Ele nos alerta sobre a necessidade de sermos prudentes e buscarmos o justo meio, sem o excesso e sem a falta. Só conseguiremos o justo meio a partir da reflexão sobre as duas partes, utilizando a razão, a justiça e o amor pra não haver enganos, a partir do autoconhecimento, que nos proporcionará a consciência da nossa realidade atual, e assim, saindo das sombras da ignorância, poderemos atingir elevados patamares, desenvolvendo valores conquistados. Entretanto, esse aprimoramento espiritual passa por reflexões sobre o conhecimento que temos de nós mesmos, da consciência da nossa ignorância, que nos remete à inscrição do “conhece-te a ti mesmo” insculpida no Templo de Delfos, inspirada em Sócrates (470 ou 469 a.C.), onde se lembrava aos homens que eles não passavam de meros mortais e que nenhum homem pode fugir ao seu destino. Este lema Socrático estimula a consciência racional de si mesmo em cada ser humano, para organizar a própria existência, pois não somos o mesmo em todas as situações de nossa vida atribulada, “por isso chamamos o correto reconhecimento de si próprio de a essência da Sabedoria humana, pois o homem não cessa e não deve cessar nunca de aprender, de se formar e de evoluir”.
Estamos vivendo uma época em que há uma falta aguda, de um valor fundamental em todo o mundo: A caridade. Ela é o amor que move a vontade à busca afetiva do bem de outro. Ninguém precisa de nada a não ser seu coração para saber o que machuca os outros. Jamais subestime o sofrimento alheio. Seu julgamento poderá lhe falhar, seu conhecimento, sua experiência e sua inteligência poderão ser inúteis diante do mal, que torcerá fatos, palavras e aparências. Até o branco pode parecer preto e o preto parecer branco, decida com caridade e toda essa farsa se dissipará sob o brilho de uma alma integra.
A liderança também uma grande virtude maçônica, é a capacidade de influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam resultados que atendam ás necessidades tanto individuais como coletivas e ainda, se responsabilizar pelo desenvolvimento de outros líderes. O líder tem que ser íntegro, confiável, ético, honesto e coerente. Ele deve evitar se acomodar, competir, comprometer e sempre colaborar. Ele é descrito como alguém que tem carisma e qualidades relacionadas para gerar aspirações e mudar pessoas, levando-os a despertarem seus potenciais e perseguir propósitos compartilhados. A Maçonaria é uma instituição fundamentalmente ética, onde a reflexão filosófica sobre a moralidade, regras, códigos morais que orientam a conduta humana; que tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores e o estabelecimento de princípios normativos da conduta humana, impondo ao Maçom um comportamento ético e, exigindo-lhe que mantenha sempre uma postura compatível com um homem de bem.
A jornada maçônica, pois é a essência da vida do trabalho simbólico de nossa Ordem. Porém, está árdua tarefa de encerrar aos vícios parte do princípio fundamental do compromisso com o trabalho interior, a disciplina no trabalho filosófico é a ferramenta substancial para poder iniciar a colossal tarefa de edificar esse templo interior.
Lembremos que a Loja é o local onde os Irmãos se congregam, num espaço físico chamado de Templo. Porém, os obreiros trabalham num espaço imaterial que chamamos Oficina. É aqui, na Oficina que se forma a Egrégora, ou seja, a união de nossos pensamentos, a interação de nossas vontades, a força de nossa espiritualidade coletiva focada num objetivo comum e o exercício de nossa vocação comunal através da doação do talento de cada indivíduo.
É importante que se preserve e estimule a Ritualística Maçônica nos trabalhos de cada Oficina, de modo que a Egrégora formada contribua na consecução de seus trabalhos, enriqueça seus objetivos e promova o contínuo fortalecimento da identidade de cada Loja.
Enquanto o Trabalho nos fortalece, a Ritualística nos disciplina. Enquanto a construção de um Ideal comum nos une, o Simbolismo nos congrega. A formação de uma Identidade nos dá respeito, o Foco no objetivo nos anima, incentiva e eleva. Trabalho e Ritualística. Ideais e Simbolismo. Identidade e Foco. Foram os principais materiais que permitiram o nascimento, crescimento e apogeu da Maçonaria.
É hora de definirmos em palavras simples, num pensamento rápido e em ações concretas: Para que nos reunimos aqui? Reunirmos em assembleias fraternas, praticando o bem, a virtude e a verdade limpamos nossas existências e retornamos em paz para nossos lares, levando amor, harmonia e concórdia para os que amamos e para quem nos cerca.
Biografia: Maçonaria 30 instrução de Mestre-Raymundo D´Elia Junior
Biografia: Rizzardo da Camino - Simbolismo do Primeiro Grau
Biografia: Jorge Adoum-Grau do Aprendiz de Mação e seus mistérios
Biografia: Ritual do Aprendiz de Maçom-REAA
Biografia: Rizzardo da Camino 1º ao 33º
Biografia: Rizzardo da Camino- O APRENDIZ MAÇOM: AS BENESSES DO APRENDIZADO MAÇÔNICO
Por Ir.·. Sandro Pinheiro.
M.·. M.·. da A.·. R.·. L.·.M.·. Flauta Mágica nº 170 do Or.·. do Rio de Janeiro