Para iniciar este trabalho, valho-me das palavras do Senador Ir:. Mozarildo Cavalcanti, que subiu à tribuna do Senado Federal aos dezenove dias do mês de agosto de dois mil e cinco, durante a sessão de comemoração do Dia do Maçom e disse que:

 “Ao longo dos séculos, a missão da Maçonaria tem sido colaborar para o progresso moral, intelectual, científico e tecnológico da humanidade. Sucessivas gerações de maçons travaram, com muita galhardia, o bom combate em defesa dos direitos humanos, da libertação dos povos, contra a opressão e a tirania, em prol das artes e das ciências. Toda essa luta, evidentemente, não está esgotada. Ela se projeta no século que se está iniciando agora.

O que muda, contudo é a feição dessa luta na medida mesma em que muda a feição da opressão e da tirania. Novos tempos trazem novos desafios, e a Maçonaria precisa evoluir para estar à altura desses desafios do século XXI. [...]

E o Ir:. Prossegue seu discurso exaltando que um dos grandes desafios que a sociedade moderna tem é o de ampliar a influência do cidadão para além do “um voto”, e isso se faz através do fortalecimento de organizações, que focadas cada um no seu, defendem inúmeros interesses, e segundo ele, “A legitimidade das suas posições advém não só do número de membros que lhes dão corpo, mas também da universalidade dos valores que defendem.”

Ele ainda completa esse pensamento deixando claro que a Maçonaria precisa defender claramente os valores universais que professa e que a fizeram atravessar séculos e chegar vigorosa até aqui, e ai esta a grande oportunidade que a Ordem tem de projetar-se como verdadeiro veículo libertário da humanidade, levando-a a real Felicidade, já que ela professa valores universais, abarca cidadãos de todas as origens, crenças e formações e está presente em quase todas as nações do mundo.

Então, sob esta ótica muito bem colocada pelo Ir:. Mozarildo, perguntamo-nos: O que realmente temos feito, enquanto Verdadeiros Maçons, que nos auto proclamamos, para concretizar o objetivo universal da maçonaria? Qual é o Apanário que pode ser deixado para as gerações futuras, sejam elas da família maçônica ou não? Por onde passamos, temos buscado fazer Feliz a Humanidade? Quais as atitudes temos deixado de exemplo pelo caminho para que possamos ser verdadeiramente reconhecidos como o então Verdadeiro Maçom?

Concordo que a ordem deve ser discreta, os SS:.TT:. e PP:. Devem ser secretos, mas as ações não devem ser modestas, os exemplos não devem ser discretos, porém a masmorra que abrigará a vaidade deve ser profunda e seguramente vigiada.

Naquele mesmo discurso citado acima, o Ir:. Alerta para o espaço que a Maçonaria vem perdendo para instituições que têm muito menos capilaridade e representatividade social no que tange as decisões e destinos da nação.

Investir no novo, educar sob os valores espirituais que professamos, combater a ignorância e a tirania, contribuir com a família e valorizar as escolas, principalmente as públicas, alicerce da grandeza de um país, ai está a razão de ser da Maçonaria no Sec. XXI, ai reside o seu objetivo principal.

Algo que me chamou muita atenção durante os estudos, foi o trabalho da pesquisadora Amaral G.L., onde ela exalta a importância do pensamento maçônico no final do século XIX para a construção da educação Brasileira, não mais baseada das questões da Igreja, uma educação então considerada moderna. Então, cabe a nós nos questionarmos qual o legado deixaremos para os pesquisadores do sec XXI? O que poderão escrever sobre a atuação da Maçonaria do Sec XX e agora XXI frente aos grandes desafios diariamente impostos e agora, em momento de pandemia, muito mais claros e urgentes?

Mas saibamos que, somente de dentro dos suntuosos Templos erguidos à semelhança do Templo de Salomão, nas largas risadas em excelentes jantares regados a muita bebida e alegria, na ostentação de belas roupas e elegantes paramentos (tudo isso importante também, fazem parte das questões sociais), não chegaremos a lugar algum, a não ser na transformação da Ordem em um “clubinho de amigos” que semanalmente se reúnem, balbuciam palavras que não entendem a significância, afastando-se cada vez mais da verdadeira origem destas, fazendo com que lentamente a Ordem caminhe para o cadafalso que outras ordens que nos antecederam caminharam alegres e serelepes sem perceber o destino fatal que as aguardava.

Atentemo-nos IIr:., este é o nosso objetivo, pois esta é a nossa Ordem, e são as pessoas que compõem a instituição que a fazem, e de tempos em tempos se renovam, mas quando são firmados os valores em solo fértil, estes ultrapassam a barreira do tempo e fazem acender as chamas no coração daqueles que ainda estão por vir, afinal, desde cedo aprendi que enquanto houver um de nós, essa chama não se apaga, nunca deve se apagar!

Não nos esqueçamos das palavras do Sociólogo Mazzini: “Homens bons tornam boas as organizações más; homens maus tornam más as boas” (TOMIMATSU 2019). Plantemos as sementes do amanhã da nossa ordem, pensando no amanhã de nossa Nação.

BIBLIOGRAFIA

1-O SENADO FEDERAL E A MAÇONARIA: UMA COLETÂNEA DE DISCURSOS. – Brasília: Senado Federal 2008. p.517.
2-AMARAL, G.L. OS MAÇONS E A MODERNIZAÇÃO EDUCATIVA NO BRASIL NO PERÍODO DE IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA REPÚBLICA. Hist. Educ. vol.21 no.53 Santa Maria Sept./Dec. 2017
3- TOMIMATSU, P.I. Rito Brasileiro: Analise e Considerações. 1Ed. Curitiba: A Trolha, 2019.

Por Ir.•. Leonardo Trench

Mes.•. Maç.•.  G.•. L.•. M.•. D.•. F.•.