“Alguns trazem alegria aonde vão; outros só quando vão”. (Oscar Wilde)

O crepúsculo maçônico atinge-nos a todos, sem exceções, envelhecemos; na vida profana, aposentamos de nossas profissões, nossas famílias também envelhecem, filhos se vão, o luto nos aflige e atinge.

Diante dessa verdade maior e observando, primeiro a mim, meu próprio comportamento, depois o de muitos irmãos que em idades já avançadas, muitos até acima dos oitenta anos, verifico que não só eles estão se afastando da loja, mas o que de pior poder-lhes-ia acontecer, a Loja se afasta deles.

A Solidão atinge, agressivamente, o idoso maçom de duas formas: a familiar, que se dá pela ida dos filhos em busca de suas vidas, por luto e etc... uma solidão justificável, compreensível e esperada e, por outro lado a solidão maçônica que se dá por abandono, por esquecimento, por descuido e, porque não afirmar, por completo descaso.

Tal solidão afeta a saúde, o moral e, pior, contesta a forma de como quem se vê atingido por estes sentimentos se enxerga diante da sociedade onde vive e da Loja maçônica a que pertence e que, por ela, enquanto jovem, muito investiu economicamente e, ainda, muito presencialmente.

Precisamos pensar e nos organizar para que o ocaso de nossas vidas maçônicas seja menos doloroso e para que o absoluto abandono, como se percebe agora acontece, não nos atinja de forma tão cruel e agressiva.

Muitos, vejo, completam 30, 40, 50 anos de atividade maçônicas e numa determinada hora se veem obrigados, pela idade avançada, a diminuírem seu ritmo, mas, terrível é, em contrapartida, na mesma proporção, ver cai por terra o interesse da Loja (dos jovens) por quem durante todo o tempo, até por estes mesmo jovens, trabalhou e investiu.

Ver o quanto investimos financeiramente, com as nossas Lojas, e perceber que sobre tais valores nem meros centavos são gastos para que se invista reuniões anuais com nossas cunhadas viúvas, com visitas e ou para incentivar retornos de nossos ociosos e abandonados idosos, que alguns reais deveriam ser gastos com encontros com eventos de dois em dois meses, de três em três meses, com nossos decanos, valorizariam a vida e o moral daqueles que, certamente, deram muito de suas vidas a Ordem.

Devemos nos preocupar com isso, pois que muito em breve vários de nós, que hoje ativos e operantes, lá chegaremos.

Uma reflexão que devemos fazer, nossas conquistas no mundo profano, aquisição de jovens iniciados, são pessoas que estão em fase de conquista, escalada profissional e econômica de suas vidas profanas, pouco podem se dar para maçonaria; levam décadas até estarem preparados e somente quando se aproximam de 60 anos estão com tempo livre para suas lojas e para a Ordem; assim muitas das vezes continuam servindo por longo tempo, 70, 80 anos e de repente por motivos conhecidos são colocados em stand by e esquecidos.

Precisamos nos atentar e melhorar isso entre nós. 

O princípio maçônico tem por base o amor fraternal, o amparo (caridade) e a verdade, se sua Loja possui membros idosos de quem nunca ouviu falar, peça ao Venerável o acesso de seus contatos, fale com o Hospitaleiro, se preocupe com o seu amanhã; prepare uma comitiva, nem que seja uma vez por ano, visite-os, sente-se com eles, ouça suas histórias, convide-os para as iniciações e jantares festivos de suas lojas, traga-os em reuniões regulares para que num quarto de horas qualquer possam contar como era a loja no seu tempo de atividade, quais cargos ocupou, que conte uma passagem engraçada, devemos  ligar o passado ao presente, nos engrandece. Ajuda a Loja e faz um velho irmão, nem que seja por meros momentos voltar a brilhar dentro de sua própria Loja.

Isso, também, é fazer Maçonaria! 

Ir.·. Leonardo Garcia Diniz.

Mes.·.  Maç.·.  das AA.·. R.·..L.·. S.·.  Vigilância e Resistencia e Amparo e União, Or.·.  de Ilhéus – Bahia.