O alarme do temor ao desconhecido é acionado por meio de adrenalina, é chegada a hora, condutores nos seguram pelo antebraço, caminhamos vendados, somos conduzidos, uma porta se abre, o cheiro de coisa mofada invade as narinas; venda retirada, nossas pupilas dilatadas procuram focar o que agora é iluminado por uma vela. 

O condutor, ao retirar-nos a venda, sopra-nos ao ouvido, “atente-se, escreve o seu testamento e quando terminar dê três batidas na porta”, imediatamente, retira-se, abandonando o profano a sua própria interpretação e sorte.

Uma porta, rangendo, que se fecha atrás de nós, o silencio profundo, isolamento, lugar taciturno, mofado, rachaduras expostas nas paredes que pintadas de preto, símbolos e frases estão publicados, uma pequena mesa e um banco, papel, lápis, um espelho, uma ampulheta que dá vazão a areias deixando a sensação de que o nosso tempo é curto, pão, agua, dois tipos de areias que mais tarde ficamos sabendo serem sal e enxofre, mercúrio, uma caveira macabra que fita o visitante; nas paredes um esqueleto, uma Foice, um Galo, VIGILÂNCIA E PERSEVERANÇA, VITRIOL e, depois da caveira/ossos, o que mais assusta o neófito e o recheia de duvidas é o alerta que provocado pela ameaçadora e forçosa frase:

“SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZ RETIRA-TE.

Na cabeça, permanece o eco!

RETIRA-TE!,.... RETIRA-TE!,... RETIRA-TE!,...

O profano, sobressaltado, pois que o tempo urge e a ampulheta não para, pensa:

Não saio!,... Não saio!,... Não saio!,... Quero ser maçom!

Sou Homem, não tenho medo de caveiras ou ameaças, DEUS me protege, daí se esquece dos símbolos ali expostos, que a sua frente, e põe-se a pensar no que dizer em seu testamento, a intenção é de não se perder em conjecturas fora do contexto e o que se lhe apresenta, o imediato, o testamento; só, enxerga, o neófito, bens materiais, apesar de despido de metais.

A ampulheta lhe dá carreira. O que escrever?,...  será que serei compreendido?,... daí, escreve!

Bate à porta e ela se abre, o testamento na mão é entregue, o condutor volta a vendar.

Desenrola-se a iniciação do neófito!

A Câmera de Reflexões jaz esquecida, por enquanto.

O Neófito, agora aprendiz, ainda nada sabe sobre a Câmara de Reflexões, na verdade, a Câmara só se descortinará, desvendar-se-á, na medida em que ele é elevado a companheiro e, logo depois, exaltado a mestre.

O fato é que a cada degrau conquistado, pelo novo aprendiz, durante sua vida maçônica, uma nova e melhorada interpretação sobre a Câmara de Reflexões é incorporada.

O Maçom morre e ressuscita a cada um novo degrau alcançado, de aprendiz ao grau 33, a cada iniciação lá estará (nele) a Câmara de Reflexões para orientar seus passos, ele viajará para seu interior e verificará seu EGO (eternamente), invocará seu pensamento para DEUS, encantá-lo-á o místico, a alquimia, enxertá-lo-á  medos da proximidade dos vícios humanos, chamá-lo-á a renovar o espirito de Resistencia e Perseverança, ensiná-lo-á a enaltecer a vitória da luz sobre as trevas (anunciado pelo Galo), mostrá-lo-á , fazendo-o entender, que a vida humana é um sopro, que o ceifador virá no momento que as areias da ampulheta lhe derem a hora “certa”, que sua alma seguirá em direção a Luz que vem do oriente e, depois, que seu crânio e esqueleto descansarão em paz.

Deveríamos ser colocados, durante nossa vida maçônica, várias vezes na Câmara de Reflexões, eu gostaria de voltar lá, certamente, hoje, novas ponderações (conjecturas) seriam evidenciadas e a viagem seria bem mais entendida, observada e divertida; me miraria mais no espelho, depois, não mais (eu) viajaria olhando somente a escuridão que provocada pela venda, procuraria luz, perderia meu tempo buscando janelas iluminadas, procuraria esquinas cintiladas, caçaria perceber mais o DEUS que existe em mim, me olharia mais no espelho, meditaria, espiritualizaria. Não mais me preocuparia com testamentos, pois que bens espirituais não podem ser divididos apenas sentidos. Procuraria melhorar o que devo temer mais, que a mim mesmo, pois eu sou meu maior inimigo. Lixaria melhor o que áspero, afastaria o supérfluo, aceitaria mais meu irmão, praticaria mais, de verdade, o amor ao próximo e a ARTE REAL.

A medida que se pratica a Arte Real, a cada passo dado, se agiganta a presença da Câmara de Reflexões e a sua importância a na vida do maçom; o seu simbolismo é cada vez mais, profundamente, entendido trazendo luz as suas razões e preservando seus benefícios.

Nunca nos esqueceremos, quem por ela passar (todos deveríamos passar) da Câmara de Reflexões, pois que ela orientará subliminarmente, de acordo com o grau de evolução de cada um, comportamentos vitais que o maçom deve adotar tanto em sua vida profana quanto na prática diária de seus modos perante a Maçonaria.

Na verdade, a Câmara de Reflexões, é onde se esconde o “EU” verdadeiro de cada um de nós; deviríamos ir lá para visitar-nos com mais frequência.

Fraternalmente.

Por Ir.•.  Leonardo Garcia Diniz Mes.•.  Maç.•.  das AA.•. R.•. L.•. S.•.  Amparo e União Nº 260 e Vigilância e Resistencia Nº 70 – Ilhéus - BA