A Maçonaria é, sem dúvida, uma das mais antigas e respeitadas instituições que o mundo conheceu. Sua presença se faz sentir em todos os tempos e lugares, seja por meio de seus valores universais, seja pela postura de seus membros diante da sociedade. Contudo, há uma constatação que provoca reflexão: a força que vem de fora, ou seja, a percepção e o respeito que a sociedade tem pela Maçonaria, muitas vezes é maior do que a força que emana de dentro de suas próprias colunas.
Pautado em experiência vivida, minhas, percebe-se, com pesar e reflexão, que a força que vem de fora parece, por vezes, ser maior do que a força que vem de dentro. Há irmãos que movem montanhas para atender a necessidades de irmãos distantes, de outros Orientes, com quem muitas vezes mantêm apenas um vínculo simbólico, mas são incapazes de enxergar ou estender a mão ao irmão que se assenta ao seu lado no Templo, partilhando a mesma oficina.
Essa realidade, embora silenciosa, é visível a quem observa com o olhar do coração. Há quem se mobilize por gestos grandiosos, por causas distantes ou por aplausos simbólicos, mas não perceba o sofrimento, a solidão ou a dificuldade do irmão chegado. A verdadeira Maçonaria, no entanto, não se manifesta em discursos ou em pompas externas — ela vive no ato simples e fraterno de amparar aquele que caminha ao nosso lado, na discreta solidariedade que nasce da empatia e do amor ao próximo.
A sociedade sente a força da Maçonaria e a respeita por aquilo que ela representa: uma escola de virtudes e fraternidade. Mas dentro da própria Ordem, poucos compreendem o real poder dessa força, que não está na aparência nem na influência, mas na prática silenciosa do bem e na fraternidade genuína. Quando o irmão deixa de enxergar o irmão, o Templo perde parte de sua Luz, e a força interna se enfraquece, mesmo que a externa ainda brilhe.
A sociedade enxerga na Maçonaria um farol de sabedoria, um refúgio moral, uma escola de virtudes. Ela vê o maçom como um homem de conduta ilibada, defensor da justiça, da fraternidade e da verdade. Há um mistério e uma reverência em torno da Ordem que despertam admiração e respeito. Essa é a força externa — a força que se construiu ao longo dos séculos com o trabalho silencioso de irmãos que, pela prática do bem, edificaram templos simbólicos na consciência coletiva da humanidade.
Entretanto, dentro das Lojas, nem todos percebem a profundidade e o alcance dessa missão. Muitos irmãos ainda não compreenderam que ser maçom não é apenas frequentar reuniões, vestir o avental ou recitar palavras ritualísticas. A verdadeira Maçonaria está na vivência de seus princípios, na reforma íntima, no aprimoramento constante do caráter e na busca incessante da Luz. Quando a chama interior do maçom enfraquece, a Ordem perde parte de sua força verdadeira — aquela que deve nascer do coração e da consciência de cada iniciado.
A força que vem de fora é o reflexo daquilo que a Maçonaria já representou e ainda representa. Mas a força que vem de dentro é o que garantirá sua permanência, sua relevância e sua pureza. Se a sociedade sente e respeita a força maçônica, é porque, em algum tempo, homens comprometidos com o ideal do bem comum deram vida e dignidade a essa instituição. Cabe agora aos maçons de hoje reacender essa luz interior, para que a força interna seja tão grandiosa quanto a externa.
Ser maçom é cultivar o silêncio da sabedoria, o equilíbrio da razão e a grandeza do coração. É entender que cada ato, cada palavra e cada decisão fora do Templo refletem a imagem da Maçonaria perante o mundo. A sociedade espera do maçom um exemplo de integridade e discernimento, e é essa expectativa que deve mover cada irmão a renovar seu juramento interior.
Assim, quando a força que vem de dentro se igualar — ou superar — a força que vem de fora, imaginário social, a Maçonaria voltará a ser não apenas admirada, mas plenamente compreendida. Ela continuará sendo um farol, mas um farol cuja luz nasce do interior de cada maçom, irradiando sabedoria, virtude e fraternidade para toda a humanidade.
“Que assim seja!”.
Ir.·. Leonardo Garcia Diniz
Mes.·. Maç.·. e acadêmico da Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes da Região Grapiúna (Amalcarg), cad. 31 e membro da Aug.·. e Resp.·. Loj.·. Sim.·. Amparo e União 260, Or.·. de Ilhéus - BA
















































































