A sobrevivência dos seres vivos e das instituições de um modo geral está na razão direta do seu poder de adaptação às circunstâncias e aos diversos efeitos causados pelos agentes biológicos, climáticos, sociais e/ou políticos que exercem influências sobre seus diversos ambientes existenciais.

Reportando-nos à Maçonaria e, em particular, à sua origem, não se tem dados exatos para se estabelecer quando surgiu entre os povos. Entretanto, sabe-se, sim, que é uma das instituições vivas mais antigas da Terra. Assim sendo, tal razão da sua existência longeva é bem provável que resida no fato do seu poder de adaptação aos tempos.

De igual modo, segundo o Livro História do Grande Oriente do Brasil, a Maçonaria está presente na História do Brasil, desde o ano de 1797, adaptando-se e participando ativamente das mudanças impostas pelo tempo e pela história.

A divisa latina aposta sobre o emblema do Grande Oriente do Brasil (GOB): “NOVAE SED ANTIQUAE” – ANTIGA, MAS SEMPRE ATUAL - encerra qualquer dúvida acerca da sua existência antiga e duradoura. Permitindo afirmar-se ser a Maçonaria na história da humanidade e, do Brasil uma entidade cuja existência “PERDE-SE NAS NOITES DOS TEMPOS!” Infundindo desta forma em seus membros o dever essencial de mantê-la eternamente viva em toda a parte do Universo.

As elucubrações ou considerações iniciais adrede esgrimidas tiveram como propósito chamar a atenção para os acontecimentos atuais, protagonizados pela COVID-19 que atingiu de forma aterradora a sociedade, ceifando em todos os países centenas de milhares de vidas e desestruturando todo o seu arcabouço organizacional e, em consequência, atingindo as instituições às quais homens e mulheres pertencem e/ou delas dependem suas sobrevivências. Neste cenário, insere-se a Sublime Ordem.

Pela ausência, ainda, de um antídoto que traga proteção à sociedade, medidas outras vêm sendo adotadas com o propósito de mitigar a ação do vírus, dentre as quais sobressai-se o “isolamento social”. Medida que é recomendada pelas autoridades sanitárias, com vistas à melhor proteção do homem, o que conduz à paralisação das atividades econômicas, moto-contínuo que impulsiona todo o segmento gerador de energia produtiva de bens vitais. Dentro deste dilema, em que as atividades paralisadas não geram o sustento do ser humano e o isolamento das pessoas é fator importante para conter a pandemia, deve o intelecto humano se debruçar sobre saídas inteligentes, planejadas, a fim de que não tragam maiores danos, quer à saúde do organismo humano, quer à sua atividade econômica laboral.

Imediatamente os maçons com os olhos e sentimentos voltados para o Lema que está consignado no emblema do GOB e incrustado em seus corações, procuraram meios a fim de que as atividades maçônicas não paralisassem por completo, o que levaria a instituição à UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) ou à sepultura provocada, pela pandemia em geral e, mesmo em número pequeno, pelo comodismo de uns e pela inação de outros,  características impróprias da maioria daqueles que compõem seus diversos quadros mundo afora. Uma das providencias eficazes para que a Maçonaria desse prosseguimento às suas atividades fora tomada pelo GOB-BA (antigo GOEB), em sintonia com os ditames emanados pelo GOB (Poder Central), recorreu à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em vigência e amplamente em uso por boa parte de seus membros em suas atividades profissionais.

É bom ressaltarmos que as sessões presenciais e os trabalhos administrativos do GOB-BA e das Lojas a ele jurisdicionadas suspensos fazem-nos muito falta. Contudo, sabemos ainda que os danos causados ao ser humano pela pandemia de COVID-19, em grande proporção, são irreparáveis e letais. Tal fato impediu-nos o contato direto (presencial) com os irmãos. Todavia, em que pese o óbice imposto pela COVID-19, devemos reiterar a atuação decisiva e uníssona dos três poderes (EXECUTIVO/LEGISLATIVO/JUDICIÁRIO) que fazem parte da sua composição, que de forma harmônica, diligente e operosa envidaram esforços no sentido de que a Maçonaria da Bahia mantivesse sua chama sempre acesa, fazendo com que os irmãos estejam em contato virtual através de videoconferências e, assim,  progridam e evoluam na senda maçônica. Por importante, ressaltamos que a fim de suavizar os danos causados pela COVID-19 àqueles irmãos cujas atividades foram suspensas ou diminuídas, fazendo com que suas sobrevivências tornassem-se dificultadas e até inviáveis, a Poderosa Assembleia Legislativa (PAEL) aprovou a Lei nº 087/2020 e o Poder Executivo sancionou-a, permitindo a sua regulamentação através do Decreto nº 018/2020, que criou o Fundo Emergencial de Ajuda Financeira aos Irmãos (FEAJI). Fundo este que está em pleno funcionamento, cumprindo diligente e providencialmente o seu desiderato. Destacamos também que as reuniões convocadas e realizadas via videoconferência são bem frequentadas por número de irmãos igual ou superior à centena.

Ademais, embora saibamos que as sessões ritualísticas tenham sofrido cortes no “COBRIDOR DO GRAU” (SINAIS/TOQUES/PALAVRAS) para que fossem possíveis suas realizações fora dos templos, mesmo assim, têm ocorrido periodicamente de forma proveitosa e dentro de um clima fraterno de respeito, harmonia e concórdia pelos irmãos da maioria das Lojas jurisdicionadas.

Segundo Heráclito de Éfeso, a única certeza da vida é a mudança. Ou seja, os seres humanos estão sujeitos a constantes mudanças. O momento atual de pandemia comprova concretamente o pensamento do filósofo e levou-nos a mudarmos nossos costumes e hábitos de vida para nos mantermos vivos! eis aí, quem sabe, o segredo segundo o qual grandes instituições desmoronaram e desapareceram do cenário empresarial como por encanto, por resistirem às mudanças impostas para poder sobreviverem. As divisas/lemas que lhes serviam de mantra muitas vezes não foram entendidas ou lhes serviam apenas como adereços, sem qualquer importância e, assim sendo, nem tampouco foram evocados para que infundissem em seus membros vivificantes fé e entusiasmo a fim de enfrentarem as vicissitudes com coragem e estoicismo. Ao contrário, a nossa Divisa, NOVAE SED ANTIQUAE (ANTIGA, MAS SEMPRE ATUAL), além de fazer com que nos adaptemos às mudanças de quaisquer sorte e/ou natureza para que possamos sobreviver, soa-nos ainda como um desafio inoculado em cada um dos seus membros, e, em consequência, impulsionar-nos corajosamente para vivificarmos a Nossa Sublime Ordem, tornando, assim, nosso Lema verdade inconteste.

Meditando acerca do futuro pós-pandêmico, intuímos ser possível que um determinado número de sessões possa ser realizado por meio de teleconferência. Para tal prática, deve-se levar em conta que há um contingente de irmãos que não tem intimidade com a tecnologia em vigor e a ela resiste. Entretanto, como sugestão para ultrapassar esse obstáculo, sugerimos que os irmãos detentores do conhecimento da técnica em apreço e mais próximos dos desprovidos dele e/ou recalcitrantes a aceitar a nova modalidade de comunicação, comprometam-se proativamente em ajudá-los a fim de que eles também participem ativamente das sessões remotas. Se tal sugestão for aceita e posta em prática, eis aí, um grande exemplo de inclusão, fraternidade e sobrevivência da nossa instituição.

Como sugestão também, poderia ser facultada às lojas pelo GOB que um percentual das sessões (palpite: 40%) previstas nos seus calendários, fosse realizado por teleconferência. Se esta forma de comunicação for adotada, inúmeros ganhos sociais e econômicos serão logrados, senão, vejamos: participação dos irmãos que estejam impedidos de deslocamento pela distância e/ou em dificuldade para fazê-lo com segurança e tranquilidade, economia de tempo, energia, água e insumos/materiais para a realização dos eventos...

Em vista e em respeito ao gregarismo humano, evidentemente, deve-se de antemão estabelecer que as sessões presenciais permanecerão existindo, todavia, seu número será reduzido a um percentual que não cause prejuízo à saúde da convivência fraterna, razão para qual as sessões acima mencionadas sempre existiram.

Como percebemos, diante de uma situação inusitada e ameaçadora reagimos, valendo-nos da tecnologia da comunicação corrente. Entretanto, quando a turbulência pandêmica passar, seremos instados a agirmos a fim de que a Sublime Ordem continue firme palmilhando a sua trajetória progressista e evolucionista, retornando aos costumes saudáveis de convivência fraternal e, creio, quando necessário, fazendo uso adicional dos recursos que lhes foram disponíveis pela tecnologia da comunicação neste momento e tornando o nosso Lema construído há séculos e consolidado como mantra verdadeiramente inconteste, ser seguido e ecoado com Fé, Energia e Vigor: “NOVAE SED ANTIQUAE”! Ou seja, legando às gerações vindouras de irmãos, como exemplo, nosso comprometimento com a perpetuação da Sublime Ordem e sua efetiva e marcante participação mais uma vez na História do Brasil!

BIBLIOGRAFIA: CARVALHO, William Almeida de; CASTELLANI, José. História do Grande Oriente do Brasil: a maçonaria na história do Brasil. São Paulo. Madras; Grande Oriente do Brasil (GOB), 2009.

Por Luiz Roberto A. Rodrigues Maia. Membro da Cadeira 21 da Amalcarg.