O portal de notícias maçônicas www.jornaocompasso.com.br e o jornal O COMPASSO entrevistam Renato Burity Oliveira, M∴I∴, Gr∴33, KT, membro das Lojas Vigilância e Resistência nº 70 e Amparo e União nº 260, Or∴ de Ilhéus – Bahia, Cadeira nº 10 da Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes da Região Grapiúna (AMALCARG) e Delegado da 3ª Inspetoria Litúrgica da Bahia.
O COMPASSO – Na sua concepção, o que é maçonaria?
Burity – Maçonaria é uma Ordem Universal, constituída por homens de todas as raças, nacionalidades e credos, que estudam e trabalham no aperfeiçoamento moral, intelectual, filosófico e espiritual, dos seus membros, formando homens livres e de bons costumes. Resumindo; A Maçonaria é uma Oficina de Aperfeiçoamento Humano.
O COMPASSO – A Maçonaria é uma Entidade Secreta?
Burity – A maçonaria na Idade Média, foi uma Sociedade Secreta. Hoje a maçonaria é uma Sociedade Discreta. A maçonaria tem Estatutos registrado em Cartório, tem endereço fixo onde realiza as suas reuniões, tem CNPJ junto a Receita Federal, tem contas de água, luz e telefone em seu nome. Por esses motivos, é uma sociedade apenas discreta.
O COMPASSO – Fale de sua trajetória maçônica.
Burity – Fui iniciado como Aprendiz Maçom em 06/12/1987, elevado a Companheiro em 30/11/1988 e exaltado a Mestre em 15/06/1989 na Loja Maçônica Paz e Liberdade nº 115, Or∴ de Jaguaquara. Duas semanas após ser Exaltado ao Grau de Mestre, fui nomeado Primeiro Experto para o biênio 1989/1991. Fui eleito Segundo Vigilante para o período de 1991/1993. Não completei o mandato, porque o Banco do Brasil me transferiu para o Or∴ de Ipiaú, onde me filiei na Loja Maçônica Fraternidade Rionovense nº 32, onde exerci o cargo de Tesoureiro para o período de 1993/1995, Tesoureiro em 1995/1997, Primeiro Experto em 1997/1999, Tesoureiro 1999/2001. Aposentei em dezembro de 2000 e fixei residência em Ilhéus. Mesmo morando em Ilhéus, fui Tesoureiro Adjunto em 2001/2003, Primeiro Experto 2003/2005 e Membro da Comissão de Finanças 2005/2007. Também em Ipiaú, fui Investido no Grau 33 em 16/04/1994.
Em Ilhéus, me filiei na Loja Vigilância e Resistência nº 70 em 11.08.2008, onde já vinha exercendo o cargo de Mestre de Cerimônias para o período de 2007/2009. Antes de completar o mandato, em 2008 foi nomeado Secretário, onde fiquei, 2008/2009 e 2009/2011. Em 20 de maio de 2011 foi eleito 1º Vigilante para os Biênios 2011/2013 e 2013/2015. Tesoureiro nos períodos 2015/2017 e 2017/2019 e os cargos de Arquiteto do Templo e Membro da Comissão de Finanças em 2019/2021. Fui Instalado na Cadeira de Salomão em 09/07/2018.
Em 21/10/2008 participei com mais onze Irmãos Graus 33, da Fundação da Academia Maçônica de Letras, Ciências e Artes da Região Grapiúna – AMALCARG, e em 07/03/2009 foi realizada a grande festa de instalação onde tomamos posse, e eu assumi a Cadeira nº 10 que tem como Patrono Oswaldo Bernardes de Souza.
Em fevereiro de 2013, foi nomeado Delegado da 3ª Inspetoria Litúrgica da Bahia, onde estou até hoje.
Na Loja Amparo e União nº 260 que trabalha no Rito de York, onde sou Fundador, fui Primeiro Vigilante em 2017/2019 e Tesoureiro 2019/2021, e nos Altos Graus cheguei ao KT em 16/11/2018.
O COMPASSO – O Senhor exerceu muitos cargos na maçonaria, é Mestre Instalado e nunca foi Venerável Mestre. Porquê?
Burity – Fui convidado para assumir o Primeiro Malhete, nas Lojas Maçônicas, Fraternidade Rionovense, Vigilância e Resistência e Amparo e União. Não aceitei, porque nunca tive a pretensão de ser Venerável. Prefiro ajudar e colaborar em qualquer outro cargo. Acho que assim, serei mais útil. Quanto ao título de Mestre Instalado, foi uma deferência e um grande presente da minha Loja.
O COMPASSO – O Senhor é membro ativo de duas Lojas, com ritualísticas diferentes. Qual a diferença entre o REAA e o Rito de York? ∴
Burity – O espaço é pequeno para descrever as diferenças. Vou citar algumas. Na abertura dos trabalhos no Rito de York, não tem a transmissão da P∴S∴, (é diferente), apenas o Primeiro Diácono acende as velas e expõe as Três Grandes Luzes da Maçonaria. Diferente do REAA, com os dois Diáconos formando um Pálio, e o Orador faz a leitura do Salmo 133. No Rito de York fala Ata no lugar de Balaústre, não tem Bolsa de Propostas e Informações, não tem a Bolsa para o Tronco de Solidariedade, não tem Orador, Chanceler, Experto, Porta Estandarte, Porta Espada, não ter Dossel sobre a Cadeira de Salomão, não tem Cadeia de União, não tem Câmara das Reflexões, não tem Espada, nem a Flamejante e algumas diferenças na ritualística da Iniciação. Os Aventais são azuis, igual aos usados nas Blue Lodges dos EUA. Os aventais do REAA até 1927 eram vermelhos. Com a fundação das Grandes Lojas pelo nosso Supremo Conselho, o SGC da época Mario Behring não conseguindo reconhecimento junto a GLUI (UGLE), solicitou reconhecimento à Obediência Americana, que reconhecia as Lojas Brasileiras, se passassem a usarem os Aventais Azuis (Blue Lodges). Isso foi feito e estamos usando até hoje. (é um resumo)
No início do Século XX, o GOB passou a usar também o avental azul.
O COMPASSO – Fala sobre sua vida social, fora da Maçonaria.
Burity – Eu sempre participei da sociedade, fora da maçonaria. Em Jequié, fui Diretor e Tesoureiro em dois Clubes Sociais nos Bairros do Jequiezinho e Joaquim Romão. Fui tesoureiro da ADJ – Associação Desportiva Jequié (time de futebol profissional). Em Jaguaquara fui Presidente (dois mandatos) e Tesoureiro da AABB. Fui Presidente do Rotary Club de Jaguaquara no período 1989/1990. Em Ipiaú, fui Presidente da AABB, membro do Conselho Deliberativo do Clube dos Maçons e Vice-Presidente e Membro do Conselho Fiscal da AABBI - Associação dos Aposentados do BB de Ipiaú. Em Ilhéus, fui Tesoureiro e Diretor da AMOC – Associação de Moradores do Ceplus. Fui Tesoureiro e Diretor da AFABBI – Associação dos Funcionários Aposentados do BB de Ilhéus e atualmente, sou Diretor Substituto e membro da Comissão de Distribuição de Cestas Básicas, também da AFABBI.
O COMPASSO – Como o Senhor analisa o relacionamento entre a Maçonaria e a Igreja Católica?
Burity – A Maçonaria e a Igreja Católica sempre andaram juntas. Durante a Idade Média, em plena Inquisição, a Maçonaria e a Igreja Católica construíram juntas, Grandes Catedrais em toda a Europa. Os maçons também construíram Palácio e Templos. A Igreja era cobradora de impostos e em virtude da parceria, a Igreja isentou os Maçons do pagamento de impostos e com direito a se deslocar em toda a Europa, ficando conhecidos como “Maçons Livres”. Em 1717 a maçonaria deixava a arte da construção operativa e passava para a fase da maçonaria especulativa, dedicada ao aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual dos seus membros. Após se transformar em Maçonaria Especulativa, atualizou os rituais e estatutos e lançou os 25 Landmarks. Tendo o Landmark nº 19 que diz; “A crença em Deus para ser iniciado”. A afirmativa de que a maçonaria aceita nos seus quadros, homens de “qualquer religião”. A Igreja disse que a maçonaria estava maquinando contra ela. Como a Inquisição estava no final, não houve consequências mais graves. Então a Igreja lançou a “Bula In Eminenti” condenando a maçonaria. Uma Bula papal, é igual aos landmarks. São inalteráveis e para sempre.
O COMPASSO – O espaço está aberto para as suas considerações finais.
Burity – Inicialmente quero agradecer ao Jornal O Compasso pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo, e parabenizar pela divulgação da cultura maçônica, em nossa Região, na Bahia, no Brasil e no Mundo. Eu entrei na maçonaria e a maçonaria entrou em mim. Nestes quase 34 anos de maçonaria (ininterruptos), eu leio muito sobre maçonaria, e continuo aprendendo e desbastando a minha “Pedra Bruta”. Aproveito para agradecer ao G∴A∴D∴U∴ pelos IRMÃOS que tenho, inclusive dois Filhos Mestres Maçons Adriano e Rodrigo.
Gratidão !!!