Embora certos princípios da Maçonaria sejam fundamentais e imutáveis, seus usos e costumes estão sujeitos à evolução imposta pelo tempo e pelas circunstâncias. Cabe aos irmãos discernir o que pode ser atualizado e o que deve ser preservado, para que o espírito da Ordem não se perca.
Os tradicionais cartões de presença, antes cuidadosamente preenchidos pelo irmão Chanceler, cedem lugar a certificados digitais. Os livros de presença, pesados e impregnados pelo cheiro da tinta e pelas assinaturas, são substituídos por registros eletrônicos com leitura via QR Code. O livro de atas físico dá espaço a arquivos digitais. Os rituais passam a estar disponíveis no celular. Até mesmo a bolsa do tronco, símbolo de solidariedade silenciosa, começa a ser substituída por transferências via chave Pix.
Esse cenário, embora muitas vezes justificado como forma de simplificar a gestão, convida à reflexão. Até que ponto a busca por eficiência administrativa pode comprometer a essência simbólica e ritualística da Maçonaria?
O desafio da Maçonaria contemporânea não está em rejeitar o progresso, mas em incorporá-lo sem comprometer sua essência. O caminho talvez esteja no equilíbrio: usar a tecnologia para facilitar a administração da Loja, preservando, ao mesmo tempo, os elementos tradicionais nos momentos ritualísticos e simbólicos.
Em tempos de transformação, é preciso lembrar que a verdadeira força da Maçonaria não está apenas em sua estrutura organizacional, mas na vivência de seus símbolos, rituais e alegorias. Modernizar é legítimo, mas preservar o que dá significado à Ordem é indispensável. Que cada Loja, ao adotar novas práticas, tenha o discernimento de manter acesa a chama que, há séculos, ilumina os trabalhos dos irmãos.
Ir Por Cássio Lima.
Mestre Instalado da Loja Luz, Trabalho e Fraternidade , 77, Irecê/BA