Parceira e incentivadora desde a estreia, em 2016, a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), através do selo ALBA Cultural, mais uma vez se faz presente na Feira Literária de Mucugê (Fligê), em sua 7ª edição, na qual lança, nesta sexta-feira (26), às 11h, o romance Lavras Diamantinas, de Marcelino José das Neves. Em associação com o selo literário Fligê, o ALBA Cultural também disponibilizará a reimpressão exclusiva dos livros Mucugê por Mucugê, de Rebeca Serra, e Maria Dusá, de Lindolfo Rocha.
Com estande na feira, que acontece de 24 a 28 de julho, o Parlamento baiano promoverá ainda a distribuição gratuita de outros títulos editados pelo selo próprio, que tem igualmente apoiado feiras literárias em diversos territórios da Bahia, patrocinando a edição de obras de interesse sócio-histórico e compartilhando ao público livros do seu acervo.
O espaço da ALBA na Fligê, sob a supervisão da servidora Idalina Vilas-Boas, é sempre muito disputado. Este ano, estão sendo distribuídos 3.915 exemplares de 32 títulos diversos do Programa Alba Cultural, incluindo livros com o selo Fligê e também das coleções Gente da Bahia e da coleção Mestres da Literatura Baiana. A coleção do Bicentenário do 2 de julho será distribuída para 40 escolas estaduais e 24 municipais.
Para o presidente da ALBA, deputado Adolfo Menezes, o apoio permanente do Legislativo baiano à Fligê, com lançamentos importantes como o Lavras Diamantinas, denota o compromisso da Casa com a difusão e a preservação da cultura na Bahia. “Prosseguir com o exitoso programa editorial que o Legislativo executa, com regularidade, desde a década de 90, é um bálsamo que eleva a minha alma. O ALBA Cultural resgata do esquecimento obras de elevado teor histórico e cultural, suprindo lacunas indesejáveis do mercado editorial comercial, que traduzem a nossa gente”, disse o chefe do Parlamento baiano.
Escrito em 1870 pelo professor Marcelino José das Neves, Lavras Diamantinas só foi publicado, postumamente, em 1967, em única tiragem. Foi do deputado Zé Raimundo (PT), vice-presidente da ALBA, a solicitação para reedição do livro, que será lançado nesta sexta, na Tenda Literária. “A obra, tivesse sido publicada tempestivamente, ao tempo em que foi escrita, certamente fulguraria como uma das pérolas da literatura pátria e, sem favor, seria um marco. Muito antes do regionalismo dominar a literatura, em pleno romantismo, Marcelino produz uma pérola sertaneja, baiana e imortal”, afirmou o parlamentar.
OBRAS
Lavras Diamantinas, do caetiteense Marcelino José das Neves, considerado o primeiro romance escrito no interior baiano, retrata a vida e as tradições do povo sertanejo durante o ciclo da mineração na Chapada Diamantina. Escrito durante um período de grandes dificuldades no Brasil, especialmente devido à Guerra do Paraguai, reflete a riqueza cultural e histórica da região.
Marcelino, um amante das letras e leitor ávido de Machado de Assis, utilizou sua vivência e observações para criar uma narrativa vibrante que detalha a vida nas lavras diamantinas, desde as paisagens naturais até as contendas entre garimpeiros.
No prefácio do livro, o professor e historiador Zezito Rodrigues afirma que a beleza e importância da obra, contudo, não está somente na narrativa envolvente e recheada de passagens que prendem o leitor em suspense na perspectiva do desfecho. “As condições sociais de sua produção são fundamentais para compreender sua relevância e expressividade para a cultura sertaneja. Por tudo isso, vale a leitura atenta às considerações aqui traçadas, pois elas são indicativas, conforme abrimos essa reflexão, de como os nossos sertões foram capazes de produzir, pela via da cultura letrada, um elo importante com a civilização universal”, escreve.
Segundo Zezito Rodrigues, o romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha, que versa sobre a mesma temática dos sertões das lavras diamantinas, ambientado no contexto das minas de diamante da Chapada Diamantina, corrobora as informações na perspectiva trazida por Marcelino Neves. A obra Maria Dusá, cuja edição lançada em 2018 foi reimpressa e também estará disponível no estande do ALBA Cultural, apresenta uma impressionante história de ostentações, violência, ambições, paixão e vingança, em um cenário de garimpo no século XIX.
Seguindo a tradição de disponibilizar, nas edições da feira, livros que tenham relação com a região da Chapada, o outro livro reimpresso especialmente para a ocasião é Mucugê por Mucugê, da historiadora Rebeca Serra, lançado na edição da Fligê de 2022, também pelo selo ALBA Cultural. Trata-se de um projeto de documentação da história oral, iniciado em 1995, quando a autora começou a coleta de depoimentos com moradores mais antigos do município, alguns com mais de 90 anos de idade, remontando suas memórias datadas do início do século XX e também histórias do século XIX, de seus avós e bisavós. (Foto: CarlosAmilton/Agência Alba)