Ações foram promovidas pelo Kàwé – Núcleo de Estudos Afro-baianos e Indígenas Regionais da Universidade

O professor e pesquisador Alex França, do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), coordenou, em parceria com o Instituto Guimarães Rosa (IGR) e o Cineclub Mankara, duas atividades de extensão realizadas na cidade da Praia, em Cabo Verde, país integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). As ações foram promovidas pelo Kàwé – Núcleo de Estudos Afro-baianos e Indígenas Regionais da Uesc e integraram a agenda de intercâmbio cultural e acadêmico entre Brasil e África.

No dia 24 de setembro de 2025, o docente ministrou o minicurso Atividades práticas e narrativas contracoloniais”, no auditório do IGR-Praia. Durante a atividade, Alex França apresentou reflexões sobre o protagonismo da Bahia no campo audiovisual brasileiro, destacando práticas e narrativas que se contrapõem ao colonialismo. O conceito de “contracolonial”, desenvolvido pelo pensador e poeta quilombola Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo), foi utilizado como eixo de análise para discutir produções cinematográficas de cineastas baianos e baianas, com foco nas experiências e saberes dos povos originários e quilombolas.

Já no dia 25 de setembro, o professor coordenou a mostra “Cinema negro baiano contemporâneo: raízes ancestrais, conexões no presente e no futuro”, também no auditório do IGR-Praia. O evento exibiu sete curtas-metragens de autoria negra produzidos na Bahia, entre eles Meu Pai e a PraiaA Menina Que Queria VoarBarbara5 FitasNa Volta Eu Te EncontroO Homem que Virou Castanha e Alvo, este último produzido por um estudante do curso de Comunicação da Uesc. A iniciativa teve como objetivo difundir a cultura afro-baiana no exterior e fortalecer os laços socioculturais com países africanos.

As produções apresentadas refletem a diversidade estética e temática do cinema negro baiano contemporâneo, que vem contribuindo de forma expressiva para a renovação do cinema brasileiro. Por meio de novas formas de enunciação e representatividade, esses realizadores reconstroem as narrativas sobre corpos e experiências negras, rompendo com visões colonizadoras e estereotipadas.

Pesquisador, curador e crítico de cinema, Alex França tem trajetória consolidada em mostras e festivais como a Mostra Itinerante de Cinemas Negros Mahomed Bamba, a Egbé – Mostra de Cinema Negro de Sergipe, o Festival de Cinema Baiano e o Festival Internacional de Ribeirão Preto. É também um dos organizadores do livro Cinema negro baiano (Editora Emoriô, 2021), primeira obra dedicada a registrar a memória contemporânea dessas produções no estado.

Segundo o professor, “ações de cooperação cultural e educacional entre o Brasil e os países africanos são essenciais para o fortalecimento dos laços históricos e para o reconhecimento da contribuição africana na formação das identidades brasileiras”.