A maçonaria não se cansa de afirmar não ser religiosa nem, muito menos, política.
Se não somos uma coisa nem outra então o que somos?
Clube do Bolinha?... Meros apreciadores e entendedores de boa mesa, degustadores de cervejas artesanais e ou, talvez, criaturas que apenas amamos nos regalar com finas iguarias, a la carte, e bons vinhos?
Não creio!
Só nos deixamos humilhar a este nível para que a sociedade nos permita ficar invisíveis; trabalhamos essa invisibilidade por séculos, sou invisível, somos invisíveis.
Enquanto isso, invisíveis, estivemos mudando a história do mundo e principalmente a do Brasil, fomos abolicionistas, inconfidentes, promovemos a Independência do Brasil, proclamamos a República, enquanto isso continuamos a praticar, buscar, incessantemente, liberdade, igualdade e fraternidade.
Filantropia, espiritualidade, vida, Deus, é nosso Norte.
Entretanto, gostaria chamar atenção dos que me leem para um fato que relegado a um plano inferior, fato que germina diante de um comportamento puramente político, ativismo político, nascido dentro de nossos tribunais, do nosso todo poderoso poder judiciário.
A interpretação do Habeas Corpus, do Juri, do que é Justiça, do tudo que a maçonaria prega como exemplo, “Justitia est constantes perpetua voluntas jus suum cuique tribuendi” (A Justiça é a vontade constante a perpétua de dar a cada o que é seu) não se reflete em nossos tribunais profanos; isto posto, apreendemos, conferimos que tais lições e exemplos maçônicos, por nós recebidos, estão completamente distantes da justiça que hoje emana de nossos tribunais, sendo que tal probidade está politicamente distribuída, dividida entre parceiros, quando não, por outro lado, constantemente, comprada, adquirida por bancadas de grandes escritórios de advogados, que mancomunados, medíocres, muitos pertencentes a parentes próximos dos próprios Juízes julgadores.
A discrepância na interpretação do uso e aplicação da lei, a sensação de injustiça, que hoje é imposta pelos nossos tribunais está muito longe da verdadeira lição a qual nossos prebostes e juízes nos deixaram em ensinamentos históricos.
Entre o que aprendemos e o que nos é ofertado, nos dias de hoje, no que tange a interpretações de nossas leis, não nos aconteceu de imediato, veio paulatinamente sendo construído, politicamente, sorrateiramente.
Talvez, até por isso, a maçonaria, em maior parte, vem, nas últimas décadas, se afastando do meio de grupos onde tais políticas, com muita sagacidade, esperteza e conivência é implementada, uma política que plantada desde já há algumas décadas visando a morte do livre pensamento, do livre arbítrio.
A guerrilha política travada entre tais partidos políticos, no mundo todo, a fome (insaciável) pelo vil metal, a dilapidação do público em proveito de governantes quadrilheiros, o afastamento dos bons “da coisa pública”, jogaram o mundo nas mãos de uma camarilha que, hoje, é universal.
Essa distopia que assola os poderes executivo, legislativo e judiciário fizeram trazer para dentro de nossos templos um partidarismo indesejado e perigoso, que aos poucos vem nos deixando ficar contaminados por paixão política partidária, forçando a nos dividir e formar grupinhos, promovendo milhares de opiniões dissonantes. Estamos agenciando, entre nós, provocantes ataques e defesas para cavilosos personagens, avoluma-se tais práticas tanto em nossos grupos de WhatsApp quanto em ágapes, a coisa está que se tornando comum em nossas comunicações e jantares, discussões indesejadas com fulcro deveras agressivo nascem e muito em breve fará germinar inúmeras discórdias, algumas, talvez, irreparáveis; devemos parar com essa prática já!... Distribuir justiça sem prevenção ou parcialidade é dever do maçom.
Recentemente o nosso poder Judiciário tem mostrado estar, em inúmeras situações, posicionando-se meramente através de decisões ativistas, por isso, por causa disso, aconteceram situações políticas desejadas e indesejadas criando opiniões de valor sobre os que julgam e são julgados.
Diante de tais fatos chegará o dia o dia em que todos nós, irmãos, maçonaria, estaremos envolvidos por estas levianas decisões políticas partidárias que nascidas de em nossos tribunais, poderes executivo e legislativo, sem razões constitucionais de existir, por puros achismos, distantes do “ratio juris”, daí, provocados por estes fatos, passamos nós a discutir e a nos dividir por opinativos discursos, longe das constitucionalidades que reais e verdadeiramente constituídas em nossa magna carta.
Estamos discutindo sexo dos anjos, pior estamos nos atacando, agressões gratuitas provocadas por conceitos e opiniões meramente ideológicas.
Diante do tudo, nasce esta minha preocupação, por isso, venho através deste registro chamar a todos os irmãos de que procurem atentar para nossas questões permanentes, nossa ORDEM, nossos deveres impostos por nossas leis, sopesar o que nossos rituais nos ensinam e nos ater ao que a nós é pertinente. Repito, estamos nos envolvendo com quesitos, questões, piolas, profanas, medíocres, desviando-nos do nosso principal.
Escrevo assim porque sei o quanto difícil é dissociar o homem social do homem político e, para além disso, do homem maçom que existe em nós. Entretanto, num determinado dia morremos e nascemos, nascemos para a maçonaria, maçom para, incessantemente, buscar a LUZ que vem do oriente, trabalhar em nome de GADU e, principalmente, ajudar a humanidade a ser mais justa, humana e feliz.
Muitas das vezes estabelecer discussões políticas acirradas, no nosso meio, faz transpor, tal acirramento, palavras agressivas para um plano pessoal; daí se atinge, sempre, o moral e a honra do irmão oponente, criando caminhos sem volta e sérias complicações de relacionamento, impedindo a boa, essencial e pura egrégora em nossas oficinas; irmãos descontentes e feridos, são poderosas forças dissonantes e constantemente vivencio esta situação de altercação em nossos ambientes.
Tal situação, agressiva, tem me afastado de alguns irmãos e a continuar podem por acabar me desestimulando, como até aqui tem, de trabalhar em minha oficina, pois que meus sentimentos conspurcam, ajudam a macular, a egrégora do meu templo.
Devemos mudar tal rumo!
Ir.·. Leonardo Garcia Diniz
Mes.·. Maç.·. e membro da A.·.R.·.L.·.S.·. Amparo e União 260, Or.·. de Ilhéus – BA