“Sejamos generosos” (Geraldo Sampaio Silva). “Deus não se discute” (José Carlos de Oliveira)

Na Maçonaria, a máxima de que a transformação do mundo começa no indivíduo não é apenas um conceito filosófico, mas a seiva que o cerne do seu método. Através da metáfora do desbaste da Pedra Bruta, o maçom compreende que não possui o direito nem a capacidade de moldar a pedra alheia, cada indivíduo se lapida de acordo com seu ponto de vista; sua única jurisdição real é sobre si mesmo.

A Ordem ensina que uma sociedade justa e perfeita é composta por indivíduos que buscam a retidão. Ao transformar o "vício" em "virtude", o iniciado altera sua frequência espiritual e sua conduta no mundo profano. Essa mudança não é imposta aos outros por meio de sermões, mas sim por meio da irradiação.

Um maçom que pratica a tolerância e a retidão acaba por influenciar o seu entorno. Ao verem uma conduta íntegra, aqueles que o cercam são compelidos a elevar seus próprios padrões.

Na Loja, o trabalho harmônico de cada indivíduo cria uma força coletiva. Se cada membro se dedica ao seu autodesenvolvimento, o corpo social como um todo se fortalece e o respeito entre os membros os aproximam cada vez mais ao ponto de se sentirem como um bloco, uma peça única.

Mudar a si mesmo altera a dinâmica do "combate" interpessoal, contorna o feio e se aproxima da beleza. Ao dominar as próprias paixões, o maçom deixa de reagir impulsivamente aos ataques ou falhas alheias. Essa estabilidade emocional atua como um espelho: quando o outro não encontra o conflito que esperava, ele é forçado a reavaliar sua própria postura, subjuga suas paixões e o seu próprio progresso se instala.  

"Levantai templos à virtude e masmorras ao vício."

Portanto, na Maçonaria, mudar os outros é um efeito colateral benevolente do autoaperfeiçoamento. Não se muda o mundo por decreto, mas pela soma de homens e mulheres que decidiram ser melhores hoje do que foram ontem.

Esse código resume o dever maçônico: ao aprisionar os próprios defeitos, libertamos o potencial para inspirar a liberdade e a evolução daqueles que nos rodeiam.

A Pedra Bruta representa o homem em seu estado natural, bruto e sem instrução, com suas arestas, imperfeições e paixões desregradas. Ela é a matéria-prima do trabalho maçônico. O processo de "desbastar a Pedra Bruta" é a metáfora direta para o esforço consciente de autoconhecimento e reforma íntima.

Para realizar essa transformação, o maçom utiliza simbolicamente duas ferramentas complementares:

O Maço (A Força): Representa a força de vontade, a energia e a determinação necessária para iniciar a mudança. Sem o maço, não há ação; porém, a força bruta sem direção apenas destrói a pedra em vez de moldá-la.

O Cinzel (A Inteligência/Razão): Representa o discernimento, a educação e a análise crítica. Ele direciona a força do maço, permitindo que o indivíduo saiba exatamente onde deve atuar para remover as imperfeições sem danificar a essência da pedra.

O objetivo final é transformar a Pedra Bruta em uma Pedra Polida (ou Pedra Cúbica). A Pedra Polida é aquela que está pronta para ser ajustada no "Edifício Social".

Aqui reside a conexão com a sua pergunta anterior: uma pedra bruta, cheia de irregularidades, não se encaixa perfeitamente com as outras, gerando atrito e instabilidade na construção (sociedade/família). Ao polir as próprias arestas (mudar a si mesmo), o indivíduo passa a se ajustar harmoniosamente aos outros. A mudança no "todo" ocorre porque cada "parte" se tornou mais precisa e virtuosa.

Este trabalho é considerado incessante. Na Maçonaria, diz-se que o maçom nunca termina de polir sua pedra, pois o aperfeiçoamento humano é um horizonte que se move à medida que caminhamos.

A transição final "Eu" para o "Nós" está cativo a Imortalidade da Alma sugere que a individualidade é uma vestimenta temporária, necessária apenas para o aprendizado no plano material. Enquanto o ego busca a distinção e a separação, a alma imortal reconhece sua origem em uma fonte única e universal.

A imortalidade não é a preservação eterna das vaidades e do nome do indivíduo, mas a continuidade de uma essência que se funde ao coletivo espiritual. Ao transcendermos a barreira física da morte, as ilusões de isolamento desaparecem. A alma, livre das limitações do corpo e do tempo, percebe que sua jornada individual foi, na verdade, uma contribuição para a evolução do todo.

No contexto esotérico e maçônico, isso se reflete na ideia do Oriente Eterno. A imortalidade reside no fato de que o trabalho realizado na "Pedra Bruta" individual não se perde, mas integra-se à construção do Templo Universal. Ao passarmos do "Eu" para o "Nós", a alma deixa de ser uma nota isolada para se tornar parte de uma sinfonia eterna. A morte, portanto, não é extinção, mas a expansão da consciência para uma unidade onde todos os seres estão, e sempre estiveram, interconectados.

Esta arquitetura foi escrita sob a ótica de pupilo, aprendiz de dois grandes maçons; ambos me deram a oportunidade de conviver com eles por toda a minha vida maçônica, hoje residem do Oriente Eterno, eram eles, José Carlos de Oliveira e Geraldo Sampaio Silva, que partiram, precocemente, possuíam princípios únicos, espiritualizados, pois que ambos acreditavam, segundo suas próprias palavra: “Sobre assuntos da “matéria” tudo pode ser contestado e debatido, mas que ante o “espirito”, G.’.A.’.D.’.U.’., nada se pode (nem se deve) discutir.

Bibliografia: (Leitura / Interpretações pessoais)

Rituais: REEA – RITO BRASILEIRO – YORK 

Rituais: ALTOS CORPOS REEA

Ir Leonardo Garcia Diniz

MM – Grau 33 – AMALCARG – Cad. 31 – Elias Ocké