Em sua oração, antes da entrada no Templo Sagrado, o Mestre de Cerimônias nos convida a deixar para trás as angústias, preocupações e problemas do cotidiano, para que possamos adentrar em estado de meditação e buscar a paz de que tanto necessitamos.

O problema é que, ao ingressarmos no Templo, muitas vezes carregamos em nossos bolsos um aparelho que não nos permite desconectar do mundo profano e ao qual recorremos constantemente, seja para dar uma “olhadinha” no placar do jogo, nas notícias, nas mensagens ou notificações.

Sem contar as vezes em que a reunião é interrompida pelo toque de um celular. A justificativa mais comum é a possibilidade de uma emergência. No entanto, sem entrar em particularidades, é certo que não pode haver tranquilidade de espírito quando se está sob a ansiedade causada pela presença constante desses equipamentos.

Alguns poderão argumentar que os tempos são outros e que precisamos estar constantemente conectados, ainda que se trate de uma sessão maçônica que ocorre apenas uma vez por semana e dura, em média, duas horas. Contudo, se não somos capazes de passar uma reunião inteira sem recorrer ao telefone, é sinal de que ainda não aprendemos a vencer nossas paixões e a submeter nossas vontades.

O documentário O Dilema das Redes, disponível na Netflix, revela como as plataformas digitais foram criadas para capturar nossa atenção e gerar dependência, ao mesmo tempo em que alerta para a importância de um uso mais consciente da tecnologia.

Como maçons, devemos combater os vícios que nos escravizam, e o uso compulsivo do celular, muitas vezes inconsciente, tornou-se um símbolo moderno dessa escravidão. Ao adentrarmos no Templo, que possamos silenciar o mundo profano e ouvir apenas a voz interior que nos conduz ao oceano de tranquilidade que tanto almejamos.

Ir Cássio Lima

Mestre Instalado da Loja Maçônica Luz, Trabalho e Fraternidade, 77, Irecê/BA