Por que usamos as palavras “Loja” se nada vendemos e “Oficina” se nada consertamos? À primeira vista, essas expressões podem soar inadequadas e curiosas a um profano. No entanto, ao investigarmos a etimologia e o contexto histórico em que foram incorporadas à Maçonaria, percebemos que ambas encerram significados profundos.

A palavra Loja tem origem no termo frâncico laubja, que significava “abrigo feito de ramos e folhagens”. Esses abrigos eram utilizados pelos construtores para reunir-se, planejar e trabalhar junto aos canteiros de obras. Do frâncico, a palavra passou ao francês antigo loge, designando cabanas ou pequenos abrigos, e daí chegou à Península Ibérica, evoluindo para lonja em espanhol e loja em português. Da mesma raiz etimológica derivam também palavras em outras línguas, como o inglês lodge (alojamento, pousada).

Na Maçonaria especulativa, “Loja” deixa de significar abrigo ou cabana e passa a designar o espaço litúrgico onde os maçons se reúnem para trabalhar ideias e lapidar a pedra bruta simbólica. Convém distinguir Templo e Loja: o Templo é o espaço físico e sagrado das reuniões; a Loja é a assembleia que nele se reúne para conduzir os trabalhos em determinado grau. Em muitas cidades, um mesmo Templo Maçônico é compartilhado por várias Lojas, que se revezam nos dias de reunião.

Diz-se justa e perfeita a Loja em que três maçons a governam, cinco a compõem e sete a completam. Considera-se regular a Loja que possui carta constitutiva outorgada por Potência Maçônica reconhecida, à qual está filiada. As Lojas também recebem a denominação de Oficinas, no sentido de “lugar onde se faz a obra”: o ambiente em que o maçom exerce seu papel de construtor social, edificando a si mesmo e contribuindo para o bem comum.

Portanto, ao contrário do que um profano possa achar, na Maçonaria Loja não é comércio e Oficina não é lugar de consertos. São termos simbólicos: a Loja é a assembleia que se reúne no Templo para abrir e conduzir os trabalhos em determinado grau, e a Oficina é o espaço da obra moral e intelectual, onde o maçom se lapida e serve ao bem comum.

Ir Por Cássio Lima

Mestre Instalado da Loja Maçônica Luz, Trabalho e Fraternidade nº 77, Irecê/BA