O que leva um maçom à Loja, mesmo após um dia exaustivo de trabalho, é o desejo de crescer intelectual e espiritualmente. Mas essa vontade se enfraquece quando as sessões se perdem em discussões vazias e na falta de objetividade. Nesses momentos, o irmão começa a questionar se sua presença realmente vale o esforço. Para quem frequenta Lojas em outras cidades, a dúvida é ainda maior: compensa enfrentar a estrada e abrir mão do convívio familiar para reuniões longas, centradas em detalhes irrelevantes da ritualística ou em discursos enfadonhos de quem se julga mais sábio que os demais?

Talvez uma das principais causas da evasão maçônica seja esta: reuniões pouco produtivas e a arrogância de irmãos que se julgam donos de todo o conhecimento, constrangendo os demais com “piadinhas” sobre assuntos banais. Quando a Loja deixa de ser espaço de aprendizado e se transforma em palco para vaidades pessoais, o propósito de estar presente se perde.

Há irmãos que, com o tempo, percebem não se identificar com a Maçonaria. Embora natural, cabe à Loja compreender as razões e dialogar antes que a decisão se torne definitiva. Outros, por motivos pessoais ou problemas de saúde, afastam-se dos trabalhos. Nessas situações, o afastamento é compreensível, mas não deveria significar abandono. Muitas vezes, falta o simples gesto de um telefonema ou de uma visita. Quantos irmãos precisam de um abraço ou de uma palavra de apoio, e nós ignoramos?

Para que a Maçonaria tenha sentido, o maçom deve sair do Templo melhor do que entrou. A reunião não pode ser um fardo, mas um momento de elevação, reflexão e aprendizado. Caso contrário, até a confraternização após as sessões, que deveria fortalecer laços fraternais, acaba se tornando um ambiente de animosidade e distanciamento.

Cabe ao Venerável preparar a pauta com cuidado, assegurar que seja cumprida no tempo regulamentar e evitar discussões desnecessárias. Divergências são naturais e até necessárias, pois delas nasce a convergência em favor da Loja e da Maçonaria.

Muitos irmãos, após a exaltação, acomodam-se e deixam de frequentar a Loja, alegando imprevistos que, curiosamente, só surgem nos dias de reunião. O padrinho de um Aprendiz deve ir além da apresentação. É seu dever acompanhar, orientar e incentivar o afilhado e ajudá-lo a permanecer firme em sua jornada.

As cunhadas têm papel essencial na permanência do maçom na Ordem. Quando a esposa se sente acolhida e envolvida nas atividades da Loja, ela incentiva a participação do marido. O estímulo que vem de casa muitas vezes é decisivo para que o irmão compareça às reuniões.

Quando a Loja é edificante e dedicada à lapidação do homem, seus membros permanecem assíduos e comprometidos. Um ambiente assim fortalece os laços fraternos, inspira o crescimento pessoal e mantém viva a essência da Maçonaria.

Ir Cássio Lima

Mestre Instalado da Loja Luz, Trabalho e Fraternidade, 77, Irecê/BA