Esta peça de arquitetura, tem por objetivo traçar um breve comentário sobre a trajetória histórica da maçonaria na Bahia.
O contexto em que aparecem as primeiras referências a existência de lojas maçônicas ou mesmo de reuniões compostas por membros da maçonaria, surgem em fins do século XVIII associadas à expansão dos ideais liberais.
Neste período no Brasil os maçons lutavam contra o Pacto Colonial e em favor do rompimento definitivo com a Metrópole Portuguesa.
O primeiro registro de uma reunião em loja maçônica no Brasil, ocorreu na Bahia em 1797, na loja maçônica “Cavaleiros da Luz”.
Segundo grande parte dos historiadores, há um período nebuloso da história da maçonaria no Brasil, decorrente da total falta de registros históricos. Contudo, alguns estudiosos do tema, falam da existência de lojas no Brasil já em meados do século XVIII, destacando a presença dessas lojas na Bahia, e com o envolvimento de maçons na conjuração Baiana de 1798.
A maioria dos pesquisadores afirmam que a primeira loja maçônica brasileira surgiu em 1797, em uma fragata francesa ancorada em águas territoriais da Bahia.
Embora essa loja, ”Cavaleiros da Luz”, tenha sido, efetivamente, fundada na povoação da Barra, na Bahia, as suas primeiras sessões, anteriores à fundação, foram feitas a bordo da Fragata “La Preneuse” que, no início de julho de 1797, ancorada na Bahia, sob o comando de Monsieur Lacher.
Desta forma, logo houve, na Fragata, encontros e entendimentos entre os homens mais esclarecidos da terra, como Cypriano Barata, José da Silva Lisboa, Francisco Muniz Barreto, Padre Francisco Agostinho Gomes, Ignácio Bulcão, José Borges de Barros, Domingos da Silva Lisboa e do Tenente Hermogens de Aguiar Pantoja.
A 14 de julho de 1797, data cara àqueles espíritos libertários, impregnados pelo pensamento de Russeu e pelo ideário da Revolução Francesa, esses brasileiros e mais Monsiéur Lacher, fundavam a “Cavaleiros da Luz”.
Ainda com relação ao surgimento das primeiras lojas no Brasil, os estudiosos apresentam a loja “Areópago de Itambé” originada em Pernambuco em 1796.
Após a fundação dessas primeiras lojas, o Grande Oriente Lusitano e o Grande Oriente da França deram apoio à criação de lojas maçônicas que começaram a se espalhar, principalmente pelas províncias do rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia.
A primeira loja regular do Brasil foi fundada em 1801, no Rio de Janeiro com o nome de “Reunião”, com fins políticos sociais.
Em 1802, foi fundada na Bahia a Loja “Virtude e Razão”, do Rito Moderno ou Frances, essa loja. Porém, não teve vida longa, pois logo foram encerradas suas atividades, fazendo com que em 1807, fosse reinstalada sob o título distintivo de “Humanidade”, e, em 30 de março de 1807, foi instalada a loja “Virtude e Razão Restaurada”.
Em 1802, foi criada na Bahia a loja “Virtude e Razão”. Em 1813, foi instalada na Bahia a loja “União”, também em 1813, ocorreu a fundação de uma obediência efêmera e sem suporte legal, que alguns consideraram como o primeiro Grande Oriente Brasileiro, constituída por três lojas da Bahia e por uma do Rio de Janeiro.
Em 1818, ocorreu a expedição do alvará de 30 de março, proibindo o funcionamento das sociedades secretas, o que provocou a suspensão, pelo menos aparentemente dos trabalhos na maçonaria.
No ano de 1821, foi reinstalada a loja “Comercio e Artes”, no Rio de Janeiro, sendo em 17 de junho fundado o Grande Oriente do Brasil.
Em 22 de março de 1927, às dez horas, em sessão de instalação, foi criada a Grande Loja da Bahia, sob os auspícios do Supremo Conselho do Rito Escocês, a qual será independente e soberana, dentro do simbolismo.
A sessão de fundação da GLEB, foi composta por trinta e um maçons membros deste Oriente, dentre estes os veneráveis das LLoj.'. União e Segredo, Udo Schieusner, Filhos de Salomão, Fidelidade e Beneficência, Força e União 2a e União e Justiça no templo do edifício maçônico, assumindo a presidência da sessão o Pod.'. Irmão Dr. A. J. de Souza Carneiro.
Com a fundação da GLEB, assumiram sua direção os seguintes irmãos: Grão Mestre - Dr. Francisco Borges de Barros, Grande Iniciador Escossez - Dr. A. J. de Souza Carneiro, Grande Legislador - Alfredo da Silva Brim, Grande Juiz - Dr. Ernesto Sá de Bittencourt Câmara, 1° Grande Vigilante - Dr. João da Costa Chagas Filho, 2° Grande Vigilante - Dr. Manoel Dias de Moraes, Grande Secretário - Sadi Carnot Brandão, Grande Chanceller -Vitalino Cândido de Almeida, Grande Thesoureiro - Perfecto Bonzon Cavadas, Grande Hospitaleiro - José Luiz Marques, Grande Mestre de Cerimonias do Oriente - Rafael Costa Lima, Grande Mestre de Cerimonias das Solenidades - Rafael Palumbo, Grande Luz Auxiliar - José Prudencio F. de Carvalho.
Assinaram a ata, além dos irmãos da diretoria empossada, ainda os seguintes obreiros: Almiro Américo da Silva, Antônio Lino da Rocha, Dr. Archimedes Marques, Carlos Maron, Euthymio da Cruz Baptista, Dr. França Rocha, Germano Fritz Hupsel, João Baptista de Oliveira Costa, João de Alencar Araripe, João Moutinho, Joaquim Antônio da Fonseca, Joaquim da Costa Freitas, José Augusto Rodrigues, José Francisco de Almeida, Manoel Martins dos Santos, Maximino Barletta, Paulilio Fernandes, e Serafim Viliaça.
Atualmente existem na Bahia, três principais potências maçônicas: a Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (GLEB), o Grande Oriente do Brasil - Bahia (GOB-BA), e o Grande Oriente da Bahia (GOBA).
A GLEB, conta com 223 lojas maçônicas, sendo a loja Roma do Progresso nº 34, do Oriente de Buerarema uma destas estrelas no orbi celeste.
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Ir Khalil Augusto Botelho Nogueira M.I.
Acadêmico da AMALCARG – Cad. 11.