O Município de Ilhéus, dia 28/06, completa 491 anos de Capitania e 144 de elevação de cidade. Os dados sociais da Princesa do Sul são assustadores, segundo o Índice de Progresso Social (2025) a cidade ocupa a 186 e 4.124, respectivamente, na Bahia e no Brasil, afastando-a de um lugar de razoável índice de qualidade de vida. Mas, há luz pela frente. Caso confirme a implantação do Porto Sul, a Ferrovia Oeste - Leste e a cidade tenha um novo aeroporto, diga-se de passagem, que atenderá o Litoral Sul e parte do Baixo Sul e Médio Sudoeste, além da ponte Salvador – Itaparica, não só Ilhéus, mas toda a região sofrerá um significativo contexto socioeconômico de mudanças.
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) foi criada em abril de 1989, mas até o presente momento não reuniu as condições para a efetiva operacionalização. É óbvio que sem as condições logísticas as chances são mínimas desse complexo sair do papel. Afinal, precisa de transporte para atender a principal característica que é exportar sobre o fundamento do controle alfandegado. A ZPE vai gerar postos de trabalho e ressignificar o território, certamente, imporá desafios à sociedade, mas permitirá também uma ampliação da gama de serviços e, quiçá, provoque uma melhoria de renda da população.
O famigerado aeroporto precisa deixar de ser sonho. O atual na cidade, mesmo reformado e com condições bem melhores que anteriormente (quase um novo aeroporto) não consegue operacionalizar com chuva em razão de não ter os instrumentos necessários. Mesmo assim, o volume de cargas que se espera desse complexo logístico exigirá um aeroporto maior e com condições de receber e enviar mercadorias para outros lugares, sem falar no quantitativo de pessoas que vão usar o serviço de transporte aéreo. Logo, o aeroporto internacional da região do cacau se mostra como uma demanda urgente.
A Ferrovia de Integração Oeste - Leste (FIOL) sobrevive, mesmo diante dos cenários negativos que o projeto atravessa diante da escassez de recursos financeiros. A ferrovia integrada ao Porto Sul consolidará a região como um dos mais importantes complexos de exportação do País, especialmente, agronegócio e mineração. As ferrovias de transporte de mercadorias precisam de portos para terem um performance elevada. Essas intervenções dinamizarão outros municípios: Itabuna, Uruçuca, Itacaré, Ubaitaba entre outros.
A Ponte Salvador – Itaparica provocará um maior fluxo no litoral baiano, pois, poder-se—á sair de Salvador e alcançar todo o sul da Bahia em menor tempo. Certamente, impulsionará o turismo e provocará mudanças na região. O Baixo Sul que constantemente esteve menos integrado, agora, será uma rota de encontro e passagem, aproximando as regiões que, conectadas pelo mar e pela cultura do caca, pouco estiveram interligadas, assim como o Recôncavo. Estamos muito mais interligado com o sudoeste baiano que com essas duas áreas geográficas. A BA - 001 precisará ser redimensionada para dar conta do fluxo de carros e transporte de mercadorias.
Oxalá, quem sabe, no futuro, não se vislumbra a concretização de uma ponte que possa ligar Canavieiras a Belmonte, permitindo alcançar a Costa do Descobrimento e o Extremo Sul mais rapidamente. E sobre rodovias, é curiosa a nova BA - 649, que ligará Itabuna a Ilhéus, cujos traçados vão ajudar os moradores do outro lado do Rio Cachoeira e permitirão um novo ciclo de desenvolvimento. Entretanto, essas conquistas não podem estar dissociadas do planejamento urbanístico e de um sério acompanhamento dos órgãos instituídos e da sociedade civil.
Espera-se que quando dos 500 anos da Capitania de Ilhéus, toda a região esteja bem melhor e que a sociedade alcance efetivamente um desenvolvimento social elevado. O Estado da Bahia precisa estar atento para a necessidade de uma Região Metropolitana, cuja tarefa é ajudar na coordenação desses desafios e sonhos. Esses complexos atravessam muitas questões ambientais e não há desenvolvimento efetivo sem um olhar atento para a sustentabilidade. Muito menos a população de baixo poder aquisitivo deve ficar à margem da inclusão socioeconômica e dos debates.
Efson Lima
Doutor em Direito/Ufba e advogado. Membro da Academia de Letras de Ilhéus e da Academia Grapiúna de Artes e Letras (Agral).
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